Histórico

O Programa de Pós-Graduação em Neurologia da FMRP/USP foi formalmente criado em 1971, 19 anos após a criação da FMRP (1952). Os esforços para a criação da segunda Faculdade de Medicina no âmbito da USP datam do final da década de 40, ocasião em foi votada a lei 161 de 1948, durante a gestão do Reitor da USP Ernesto Leme, que promovia iniciativas de criação de cursos superiores em várias cidades paulistas do interior do Estado. Estes esforços estavam em sintonia com a sociedade de Ribeirão Preto, que reclamava sediar uma Universidade do Interior, destinou-se uma Faculdade de Medicina, aceita de bom grado na certeza de vir a ser a “célula mater daquele ideal”.

O embrião da estrutura didático-filosófica da FMRP estribou-se no conjunto de proposições elaborado pelo Congresso Pan-Americano de Educação Médica, realizado em Lima, no ano de 1951: 1) sistematização da educação médica: a) curso normal de ciências médicas, b) CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO; 2) tendência para medicina preventiva; 3) alicerçar-se na clínica médica; 4) ministrar cursos normais para as disciplinas essenciais; 5) adotar sistema departamental: fusão das cátedras de clínica médica em Departamento de Clínica Médica e as de clínica cirúrgica em Departamento de Cirurgia e suas respectivas interações com laboratórios de patologia; 6) número de matrículas limitado, ou seja proporcional à capacidade didática; 7) obrigatoriedade do internato; 8) seleção de alunos com critérios científico, moral e psicológico.

A essas recomendações somavam-se, ainda, a adoção do tempo integral para as disciplinas básicas e clínicas, criação de uma Escola de Enfermagem e a construção de um Hospital Escola. Consta, que a afirmação dessas linhas mestras, satisfazia às exigências da Fundação Rockeffeler, para futuro apoio financeiro à Faculdade de Medicina, e que estes entendimentos não teriam vindo a público pelo nacionalismo exacerbado do Brasil de então. Certo é que estes financiamentos vieram logo após sua criação e muitos ofereceram à FMRP em termos de aprimoramento de professores, estruturação de departamentos, equipamentos de laboratórios e serviços da Faculdade e do Hospital das Clínicas.

Os cursos de pós-graduação “stricto sensu” na FMRP foram institucionalizados nos anos setenta por vontade do Estado, mas já eram aqui ministrados, pelo agora chamado “Sistema Antigo” com registro de 149 doutorados. Implantou-se a nova política educacional entre os anos 70 e 71, sendo que foi possível funcionar seis cursos em áreas básicas e sete em áreas aplicadas; sendo o programa de Neurologia um dos programas das áreas aplicadas. Assim, o Programa de Pós-Graduação em Medicina (Neurologia) da FMRP/USP é um dos mais antigos da área no País e em junho de 2021 celebrou o seu 50º aniversário.

Inicialmente, centrado apenas na área de concentração em Neurologia e destinava-se a médicos neurologistas. A partir de 2001, passou a abranger duas grandes subáreas: 1) Neurologia, para médicos neurologistas (com, no mínimo, 2 anos de residência médica em Neurologia) e 2) Neurociências, para médicos não especializados em Neurologia e profissionais não médicos com interesse em desenvolver pesquisa na área de neurociências. A abertura para profissionais não médicos, incluindo profissionais fora da área da saúde, possibilitou maior articulação de pesquisas básico – clínicas.

A criação da subárea de Neurociências permitiu grande interação entre médicos neurologistas, médicos não neurologistas, profissionais de saúde não médicos e profissionais de outras áreas do conhecimento. Certamente, foi fator decisivo para o aumento da produtividade do Programa e, consequentemente, com a manutenção do conceito máximo recebido nas últimas avaliações da CAPES.

Em face da reformulação do Regimento da Pós-Graduação da USP, em setembro de 2015, foi solicitado que o Programa constituísse duas áreas de concentração: Neurologia (Código 17140) e Neurociências (Código 17163), o que ocorreu em 2016 e consolidou definitivamente a participação dos não neurologistas.